18 de abril de 2011

Somos o que a vida fez de nós

Luís Farinha
Estou absolutamente convencido de que somos o somatório daquilo que a vida fez de nós.

Pode ser que os sinais genéticos que trazemos das origens possam contribuir para a formação da nossa personalidade, mas… meus amigos, não tenho qualquer dúvida de que as boas ou más pessoas que somos, resultam quase inteiramente da maneira como, ao longo da existência, fomos absorvendo as lições que a vida nos deu.
Tudo isto porque nada acontece por acaso!
São os pequenos e grandes acontecimentos da vida de cada um de nós, são as boas e más recordações que vamos guardando nos recessos da nossa memória que marcam, no presente, a maneira de ser que caracteriza as pessoas em que nos tornámos.
O amor que somos capazes de dar aos outros, por exemplo, é normalmente inspirado pela brandura que as lições da vida foram destilando no nosso coração. Do mesmo modo, a impaciência ou a dureza que demonstramos nas nossas relações com os que nos rodeiam são, quase sempre, resultantes das injustiças e experiências amargas que fomos somando ao longo do tempo que deixámos para trás.
Não vale a pena fingirmos que somos o que não somos. Como diz a sabedoria do povo, “a mentira tem perna curta”!
Quer isto dizer que a bondade da alma é um sentimento que não se pode imitar eternamente. Do mesmo modo, a maldade do coração torna-se indisfarçável quanto mais nos esforçamos para a esconder.   
O sorriso forçado transforma-se em esgar. As  palavras amáveis ressumam a fingimento.
Reparem, meus amigos, que até os animais sentem a sinceridade do nosso afago. Se vocês são dos que, por exemplo, não gostam de cães, experimentem fazer uma festa a um deles, só para serem simpáticos ao dono. Ouçam então o rosnar do animal… ou sintam a dureza dos seus dentes.
É por isso que eu acredito que cada um é aquilo que a vida fez de si.
E não vale a pena fingirmos o que não somos. Com isso, não enganamos ninguém. Ou melhor… só nos enganamos a nós próprios. Isto não quer dizer, naturalmente, que de uma forma geral a vida que nos rodeia não seja constituída de um faz-de-conta que mais não é do que o inverso daquilo que já disse: que somos o somatório do que a vida fez de nós. Não! Há por aí muito boa gente que se esfalfa a querer fazer-se passar por aquilo que não é. São os que recusam as origens, o berço que os embalou, a família de que foram gerados. São aqueles que dissimulam a sua natureza verdadeira, aporcalhada e reles, para conseguirem sugar da sociedade que os cerca tudo o que ela lhes deve proporcionar seja a que preço for. Não acreditam? Vejam os exemplos que os media nos mostram diariamente: saltam à vista os que tudo dão e fazem para cultivar o protagonismo; os que se põem em bicos de pés para saírem da mediocridade de que é constituída a sua arrogância; os falhos dos valores que fazem de alguns de nós pessoas que marcam a diferença pelas melhores razões.
Refiro-me aos tais que todo o mundo conhece, àqueles para quem o ‘estar bem na vida’ significa algo que nada tem a ver com a boa consciência. Aos que não se envergonham com a imagem (a sua) que vêem reflectida no espelho quando nele se alindam para dissimular os sinais do opróbrio.

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