22 de abril de 2011

Por favor, não!

Luís Farinha

O medo está instalado. Aliás, desde há séculos que o medo nunca deixou de condicionar o dia-a-dia da humanidade. Desde tempos imemoriais que o mundo vive em convulsão devido aos conflitos armados que explodem aqui e ali, umas vezes por efeito de ambições desmedidas, outras em resultado das assimetrias sociais instaladas pelo poder económico, outras ainda pela comprovada incapacidade que os homens têm para se entenderem pelo diálogo.

Nas últimas décadas tem sido um nunca acabar de lutas que dizimam populações inteiras, gente inocente que se vê, de repente, envolvida em guerras que não causou, mas das quais são as maiores vítimas. Foi a 2.ª Guerra Mundial; Coreia; Vietname; África; Médio Oriente; Timor-Leste; Golfo; Iraque; os conflitos étnicos e tribais, as guerras civis; as lutas internas, como as que ultimamente vêm incendiando os países árabes… e por aí adiante.

O ritmo das disputas internas e externas e bem assim a ingerência abusiva dumas quantas nações auto-promovidas a controleiras da vida interna de outras é o que mais me incomoda neste período da história do mundo. À força de se repetirem, estas acções tendem a vulgarizar-se, fazendo com que o respeito que deve presidir à autonomia dos povos que compõem a grande família mundial se vá diluindo, começando por não se saber como se pode preservar a soberania de cada país.

Numa rápida viagem pela actualidade, constata-se que há nações que a si próprias atribuem o direito de dominar a cena internacional e as que, por razões geopolíticas, se submetem a esse domínio. É em consequência de tal dislate, da arrogância de uns à submissão de outros, que vemos na televisão e na imprensa escrita imagens de povos a quem tudo falta, morrendo à míngua do essencial, enquanto outros se empanturram de tudo quanto o dinheiro paga.
  
É pois neste cenário absurdo que, num crescendo imparável, ecoam gritos de revolta enquanto se acendem conflitos que condenam à míngua, ao desespero e à morte populações inocentes, povos cujo único destino é serem mantidos pobres para poderem servir de joguetes dos interesses nunca saciados de quem detém o poder económico.

É já perceptível o rosnar daqueles para quem os pensamentos aqui expostos são rotulados de inaceitáveis. Porém, não será o medo que me fará silenciar o que considero crime. Matar à fome ou pela força das armas povos que apenas querem viver em paz, é um acto de perversa desumanidade. Homens, mulheres, crianças, morrem vítimas de bombardeamentos indiscriminados lá pelo Iraque e pela Palestina. Em África, são as crianças quem mais padece a morte lenta da fome. Na Ásia, tudo falta, até o essencial, enquanto a escravidão laboral vai enriquecendo os poderosos.

É assim o mundo de hoje. Sempre foi. Será assim até ao final dos tempos?

E enquanto isso, vamos continuar, calados, a assistir a esta bestialidade sem nome?

Por favor, não!

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