16 de setembro de 2012

Por favor, não me enganem mais!

Luís Farinha

Estou absolutamente convencido de que, ao contrário do que muito boa gente pretende, somos apenas o somatório daquilo que a vida fez de nós.

Pode ser que os sinais genéticos que trazemos das origens possam também contribuir para a formação da nossa personalidade, aceito que assim seja, mas… meus amigos, não tenho qualquer dúvida de que as boas ou más pessoas que somos, resultam quase inteiramente da maneira como, ao longo da existência, fomos absorvendo as lições que a vida nos deu.

Tudo isto porque nada acontece por acaso!

São os pequenos e grandes acontecimentos da vida de cada um de nós, as boas e más recordações que vamos guardando nos recessos do nosso subconsciente que, no presente, marcam a maneira de ser que caracteriza as pessoas em que nos tornámos. Por exemplo: o amor que somos capazes de dar aos outros só pode ser ditado pela brandura que as lições da vida plantaram no nosso coração. Do mesmo modo, a impaciência ou a dureza que demonstramos nas nossas relações com os que nos rodeiam, só podem ser inspiradas pelas injustiças e pelas experiências amargas que fomos somando ao longo do tempo que deixámos para trás.

Não vale a pena fingirmos que somos o que não somos. Como diz a sabedoria do povo, “a mentira tem pernas curtas”!

Quer isto dizer que a bondade da alma é um sentimento que se não pode imitar eternamente. Do mesmo modo, a maldade do coração torna-se indisfarçável quanto mais nos esforçamos para a esconder.   

É por isso que eu acredito que cada um é apenas aquilo que a vida fez de si, não fazendo sentido que andemos por aí fingindo o que não somos. Com isso, não enganamos ninguém. Ou melhor… só nos enganamos a nós próprios.

Gente de faz-de-conta é o que há demais por aí. Encontramo-la por todos os cantos, no seu afã de parecer o que não é, na sua canseira de enganar os outros. Nos meios de comunicação, na vida social, na política, nas relações mais íntimas…

É por isso que me apetece dizer a alguns que me abraçam, fingindo afectos que não sentem: por favor, não me enganem mais!

Seja pela idade que já tenho, ou do muito que vivi. Seja até, quem sabe, em função destas duas razões, a verdade é que cada vez me doe mais a dissimulação dos impostores.

Sem comentários:

Enviar um comentário