14 de setembro de 2012

Percebem… ou é preciso fazer um desenho?

Luís Farinha


Se a memória não me falha, após a revolução de Abril nenhum governo foi tão repudiado pelos cidadãos como o actual.

As sucessivas investidas contra a classe média, em particular contra os que estão no fundo da escala laboral da Nação, têm vindo a fazer crescer a animosidade de milhões de portugueses, mais ainda porque, em compensação, torna-se por demais notório o empenho dos que a si chamaram a incumbência de ‘governar’ Portugal de salvaguardar os interesses privados dos detentores de riqueza.

Embora tendo em conta o grave desequilíbrio económico gerado e desenvolvido pela sucessão de governantes inaptos que têm ocupado as cadeiras do poder, é por demais evidente o projecto de mudança social que move e orienta os novos inquilinos de São Bento. Por mais que neguem esse desígnio não há outra forma de justificar as medidas que têm vindo a ser tomadas, com destaque para as que foram anunciadas às 19,20 horas do passado dia 7 de Setembro passado, uns breves minutos antes do jogo da bola transmitido pela RTP1.

Sublinhe-se que até esse pormenor é susceptível de levantar suspeitas, dada a fixação que os portugueses têm num bom desafio à ‘borla’, para mais com o Ronaldo em campo. Contas feitas, era concebível que logo que o jogo começasse a má impressão causada pelas “novidades” do doutor Coelho seria de imediato diluída.

Afinal, não foi isso que aconteceu, como se constatou pelas reacções verificadas nas horas que se seguiram e que continuam a crescer em volume e agudeza.

Na verdade o povo da Nação começa a denotar uma viva animosidade face ao constante agravamento das medidas de austeridade que, escudadas na imagem duma Troyca impiedosa, parecem indiciar desígnios que não encaixam lá muito bem na prometida ‘vida melhor para os portugueses’.

Na entrevista que o primeiro-ministro concedeu à RTP1 no passado dia 13 ficou bem clara a sua determinação em não introduzir alterações ao modelo governativo adoptado pelo executivo em funções. Tal posição contrasta porém com a onda de protestos emanante de todos os sectores da vida pública, inclusive de figuras destacadas dos próprios partidos no poder, o que é sintomático da discrepância que anda no ar. Desta grave conjuntura ressalta então o seguinte dilema: como se irá conseguir a concórdia indispensável ao restabelecimento do equilíbrio da sociedade e, em particular das forças no terreno para levar adiante a tão almejada estabilidade económica e social da Nação Portuguesa?

É preciso, é urgente considerar que o que está em jogo não é uma trivial peleja despoletada pela teimosia de que a minha é maior que a tua. O centro da questão reside na procura e criação de um clima de tranquilidade para um povo já cansado de promessas inócuas.

Percebem… ou é preciso fazer um desenho?                

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