Luís Farinha
O protagonismo está na moda.
Ser importante aos olhos dos outros é hoje a preocupação maior de qualquer indivíduo, independentemente da sua real valia ou do lugar que ocupa na esfera em que se move. Mostrar influência satisfaz mais do que sentir-se amado.
Este é o homem (e a mulher) actual: pimpão, intolerante, superior. O novo homem que a sociedade inventou, os valores que hoje se consagram são a presunção, a vacuidade, a ostentação.
Um homem importante na aparência, mas por dentro árido e seco como uma seara em Agosto.
A fome de importância chega a ser demencial. Para a satisfazer, renuncia-se a tudo o que dantes era fundamental para a afirmação fosse de quem fosse. Era assim quando a estatura do homem se avaliava pela sua verticalidade. Ser recto no julgamento, confiável no carácter e honesto em todas as situações eram, então, os dons maiores que distinguiam o seres verdadeiramente superiores. Ter a honra de ser honrado e cultivar a dignidade em todas as situações, constituía o património maior que um Homem podia legar aos vindouros.
Mas tudo isso está ultrapassado...
Hoje avalia-se o homem (e a mulher) por aquilo que parece e não pelo que realmente é. A imagem de marca é um culto que passou a fazer parte da cosmética social. Invertidos os valores em que antes a sociedade se escorava, assiste-se actualmente à promoção da aparência, à exaltação do faz-de-conta.
Para serem aceites pela opinião pública as figuras e os figurões que por ai pululam contratam quem lhes cuide do aspecto exterior, mesmo que depois, no dia-a-dia, as suas acções desmintam a imagem que procuram fazer passar. O estilo trauliteiro substitui a seriedade, mais difícil de sustentar. A falta de inteligência é mascarada com uma postura arrogante, mais fácil de exibir. A fidelidade à palavra dada vai deixando de ter sentido. Aliás, é inegável que, duma forma geral, vai-se impondo o conceito de que tudo tem um preço, até o respeito próprio. A justiça passou a ser apenas uma força de expressão vazia de sentido. A palavra, com o uso imponderado, está a transformar-se numa pedra de arremesso.
Enfim, paulatina mas seguramente, a sociedade tal como os antigos a conheceram, vai caindo em desuso.
E a seguir, o que virá?
Sem comentários:
Enviar um comentário