21 de setembro de 2011

Cansado do mundo…

Luís Farinha


Estou cansado, meus amigos... confesso que estou cansado!

Creio que cheguei àquela etapa da vida em que, alguns de nós, nos quais me incluo, começam a sentir acentuada dificuldade em assistir diariamente à decomposição da sociedade, perante a indiferença geral.

Olho à volta e fico com a impressão que o mundo está a desabar. Todos os dias os noticiários da imprensa, da televisão e da rádio me trazem ecos da loucura que vai por aí. Deslumbrados pela materialidade, pela ambição, pela cegueira do poder ou dementados pela excessiva licenciosidade em uso, os homens já nem sequer tentam entender-se pelo diálogo ou comportar-se de acordo com a racionalidade que de si é esperada. As palavras já perderam sentido e, face a qualquer diferença, o único argumento a que se recorre é o da violência física verbal ou de atitude. Por outro lado, o espelho para onde olham todas as manhãs na ânsia de parecerem o que não são, de embaciado que está já não consegue reflectir quaisquer traços de seres cordatos e bem intencionados.

A violência tomou conta das ruas. E estas, por inferência, tornaram-se uma selva onde não faltam, sequer, as feras mais ferozes. 

Os jovens perderam a inocência e, baseados talvez no que vêem retratado nos meios de comunicação (leia-se: televisão), vão ganhando a convicção de que tudo se resolve com um tiro na testa ou um soco no nariz. Será por isso que de vez em quando os jornais nos dão conta de mais um caso inconcebível de um jovem que, na escola, pega numa arma e sem qualquer motivo começa a disparar.

Ultimamente, os homens supostamente de qualidade a quem entregamos o poder de nos representar, já descem à palavra soez, própria dos carroceiros de antanho, isto sem se darem conta de que não são os donos da sociedade que os abriga. Assisto, diariamente, à rábula do político seguro das suas certezas que impante de importância e solto nas palavras critica os seus adversários roçando o desvario. Podem argumentar até que tal atitude é ditada pelo calor da refrega, mas cedo me ensinaram que é nos pequenos nadas do dia-a-dia que se reconhecem os grandes homens.

Antigamente, uma das qualidades que distinguia o indivíduo de respeito, era o sentido da honra. Da palavra e da atitude pública. Era o tempo em que um aperto de mão selava um compromisso. Era quando a palavra dada valia por uma assinatura autenticada. Hoje, nem com mil assinaturas o homem honra o compromisso tomado. O mesmo ocorre com a sua postura pública. E o que é pior, é que é a estes novos homens que se oferece a cadeira do poder, e a quem depois, por vezes, se aclama a sua vulgaridade.

Antigamente, havia as casas de passe, onde as mulheres vendiam os seus favores. Hoje, perdido o respeito pelas reservas morais que alguns ainda resguardam por razões religiosas ou de pudor pessoal, o sexo é posto à venda nas páginas dos jornais. Que interessa o efeito que causam no núcleo da família? Quem está preocupado com isso? O importante é vender mais papel, nem que seja à custa da agressão aos princípios morais dos cidadãos mais reservados.

Estou cansado, meus amigos. Acreditem que sim. Estou extremamente cansado da loucura colectiva que faz do mundo a coisa feia em que o tornaram, neste sítio não recomendável em que nos é dado viver.

É por isso que às vezes chego a indignar-me, mal escondendo o azedume que me vai na alma.
            
Como hoje… aqui.

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