18 de junho de 2011

Quem o feio ama...

Luís Farinha

   Pitigrilli dizia que “um rosto belo é uma caveira bem vestida” e, se bem pensarmos, não deixava de ter razão...

   Na verdade, quando elogiamos a beleza, pretendemos significar o quê, exactamente? Que alguma coisa satisfaz o nosso conceito do que é belo, de algo que condiz com a nossa concepção pessoal do que é bonito ou feio. Porém, essa concepção muda de pessoa para pessoa. Não tem que ser coincidente, como é óbvio. Então, não é o próprio povo, que na sua imensa sabedoria costuma dizer que... “quem o feio ama, bonito lhe parece”?

   É isso... o que é belo para mim, não tem que ser igualmente bonito para outra pessoa qualquer. É por isso, porque há essas diferenças, que o mundo se equilibra tão bem.

   Há quem explique, com rara propriedade, o facto de os feios ou feias sempre arranjarem alguém que por eles se apaixonam. Dizem essas pessoas, ainda baseadas na voz do povo, que... “quando se faz uma panela, logo se arranja uma tampa para ela...!” O que talvez queira dizer que o que nos parece menos belo a nós, pode constituir para outros a expressão máxima da beleza.

   Lembro-me, quando há algumas décadas frequentava com assiduidade o velho Café Lisboa, não o de agora, mas o outro, ali mesmo junto ao Parque Mayer. Havia lá um empregado que, quando via entrar ou passar à porta uma mulher bem nutrida, coisa aí para cima dos 100 quilos, entrava em completo desnorteio. E que ninguém se lembrasse de rir ou de dizer o que fosse em desabono daquelas figuras excelsas que punham o nosso amigo no mais incontrolável delírio...

   Só visto!

   Quantas vezes tenho observado em festas sociais, restaurantes, boites, teatros e cinemas... mulheres lindíssimas completamente “babadas” por indivíduos sem qualquer graça aparente?

   Quantos casos conhecemos de homens com óptimas figuras, bem apresentados, insinuantes, cultos, que vivem amores tórridos com mulheres que consideramos autênticos “cavacos”? Estou a lembrar-me do príncipe Carlos, do Reino Unido, da princesa Diana e da Camilla Parker-Bowles, Duquesa da Cornualha…

   Não sendo o Frank Sinatra ou o Charles Aznavour o que se pode chamar de “belos homens”, quantas mulheres belíssimas não se apaixonaram por eles ao longo da vida?
  
   Enfim, o conceito de beleza muda de pessoa para pessoa. Aliás, como muda, igualmente, de época para época. Quem não se lembra das paixões escaldantes desencadeadas pelas curvilíneas Gina Lolobrígida, Sofia Loren e Marilyn Monroe ? Contudo, se compararmos a sua beleza com a que hoje se vê nos desfiles de moda, ou no cinema... bom, são para esquecer!

   E quem fala dos símbolos femininos, pode falar também dos masculinos, evidentemente. Qualquer avó da actualidade ficava extasiada quando, há alguns anos, via no cinema as figuras insinuantes do Charles Boyer, do Elvis Presley ou do Cary Grant. Porém, eles apenas fariam rir as moçoilas de agora.

   É assim!

   O conceito da beleza é individual e muda conforme os olhos que a vêem, como mudam ciclicamente os padrões do belo, que hoje se regem de uma maneira diferente de ontem e de amanhã.

   Por isso, aos mais jovens aqui fica um conselho... “quando ouvirem os vossos pais falarem de beleza, por favor não se riam! Lembrem-se só que um dia, lá mais para diante, os vossos filhos também podem cair no riso quando vos ouvirem falar, enlevados, da Sharon Stone, da Irina Shayk, do Brad Pit, do George Clooney, do Ronaldo, da Angelina Jolie ou da Catarina Furtado. 
      

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